Recanto dos Montrevor

- Não estou julgando, só achei que você era mais novo do que na verdade é. - Cecil deu de ombros. - A propósito, quantos anos você tem?

Uma gota surgiu em sua cabeça. - E eu achando que era realmente mais velho.
Que tola eu fui.
Olhou de esguelha para a repartição onde o irmão ficava e imaginou que ele já havia arranjado qualquer outra coisa para se entreter. - Por nada... não pensei encontrar pessoas tão novas por aqui.

- Na verdade meu irmão é apenas anti-social, então ele prefere não se misturar com ninguém. - ela deu uma piscadela animada. - Mas ele é bastante ranzinza também. Eu o amo, mas é dificil lidar com ele.

-Na verdade prefiro deixá-lo quieto por hora, eu vou perturbá-lo mais tarde depois. -riu brevemente, coçando a bochecha. -Ahn... me conte mais sobre você. Por que veio para este lugar?

-Isso quer dizer que aqui as coisas são praticamente hereditárias? Que estranho. -Cruzou os braços, inclinando a cabeça. -É bem diferente do lugar que eu vim.

Morpheu estava largado de qualquer jeito em sua cama, na sua ala do quarto, jogando empolgadamente em algo que parecia muito um ps vita, quando as batidas na porta chegaram até ele. Ergueu os olhos para a mesma e deu de ombros, limitando-se a elevar a voz para chamar a irmã. - Cecil, visita!
Da outra ala, veio andando a própria, com os cabelos soltos, o que era uma novidade, já que usava marias-chiquinhas com frequência, e um vestidinho muito confortável. - O que? De novo? Sou sempre eu que atendo!
- É lógico, você é a parte sociável da dupla e eu não gosto de gente em geral.
Ela fez uma careta, resmungando baixo. - Me aguarde, um dia dou um jeito nessa sua rabugice... - e girou nos calcanhares para abrir a porta. - Pois não, o que deseja?

- Olá! - ela sorriu ao observar melhor aquela pessoa, embora as fungadas que o rapaz dava fossem-lhe meio estranhas. Largou a porta e endireitou o corpo, inclinando a cabeça para o lado. - Nunca pensei que ia dizer isso, mas... seja bem vindo!
Ela parecia muito contente, talvez fosse o fato dela não ser mais uma novata naquele lugar. Ser novato é sempre desagradável. - Isso não é um interrogatório, ainda... fique frio. Ahn, eu sou Cecil.
Estendeu uma das mãos, na esperança que ele apertasse.

Ela havia apertado a mão dele, mas mal sentira direito sua temperatura, já que a sua própria estava cheia de ataduras e curativos. Então, deu um passo para o lado para que ele pudesse adentrar o quarto, e assim que este entrou franziu o cenho para a pergunta. - Sim, sem dúvida. Alguns tem uns poderes tipo... interessantes. Por isso eu e meu irmão estamos aqui, também.
- Cecil, quem é? - a voz masculina veio da porta da ala fechada.
- Um recém-chegado.
- Hum... okay.
E houve um silêncio meio constrangedor, enquanto ela suspirava. - Francamente... E então... garoto aparentemente legal que não sei o nome, foi por essa razão que veio para cá?

—Oh, que grosseria minha, as pessoas me chamam de Alucard.

Assim que terminou sua apresentação deu um breve tapa em sua longa capa fazendo com que ela ficasse por alguns segundos tremula. [Pra dar um tchan no estilo né.]

—Então... vocês dois tem poderes? O que fazem afinal?

- Alucard...? Tipo, Drácula ao contrário? Que legal! - era lógico que ela sabia daquele detalhe apenas por escutar do irmão ou por dedução própria, afinal era ele o viciado em games e mangás, onde tal nome aparecia com alguma frequência.
Coçou a parte de trás da cabeça, pensativa, entreabrindo os lábios. - Hum... conceder uma resposta assim, de cara, é meio... - então ela se lembrou da ultima vez que tentara esconder seus poderes e fizera uma aposta com um certo Yugi. - Sobre meu irmão prefiro deixar que ele mesmo diga. Quanto a mim... - ela retirou um dos esparadrapos da mão direita, pressionando-a em seguida para forçar o sangue a escorrer. Alguns segundos depois, este começou a mover-se, transformando-se em cristais afiados e depois em uma pequena esfera avermelhada.

—Seu poder é relacionado a seu sangue? Isso só te deixa mais interessante.

Ficou alguns segundos pensativo e por fim soltou um breve suspiro.

—Seu irmão é um tanto quanto indiferente a minha presença talvez ele não se importe com o que eu faça com você.

Alucard piscou uma vez a garota, um claro sinal de que queria ludibriar o rapaz que estava no quarto, por algum motivo Alucard queria forçar a aparição do rapaz.

—"Seria legal se você forçasse um grito ou algo do tipo" — A voz do rapaz ecoou dentro da cabeça da garota.

- Sim... é o que chamamos de hemocinese. É bem útil, mas por estar diretamente ligado a utilização de sangue, as vezes fico meio anêmica. - piscou algumas vezes, fazendo o sangue retornar as suas veias e fechando o machucado. Um leve rubor passou pelo seu rosto ao ouvir o comentário dele. - Hum? Como assim interessante?
Girou sua cabeça em direção a porta trancada, com certa descrença. - Ele é bastante antissocial, mas isso é com todo mundo... as vezes até mesmo comigo.
Ela tinha sérias dúvidas sobre o que Alucard acabara de alegar, sentindo-se minimamente pressionada, mas não o suficiente para se preocupar. Porém, como estava sempre tentando tirar Morpheu de seu quarto e gostava de implicar com ele de vez em quando, assentiu com a cabeça e puxou o ar para dentro dos pulmões, soltando um grito muito convincente.
Imediatamente, a porta do quarto se escancarava, mostrando um Morpheu de péssimo humor, com a séria intensão de matar o primeiro que se aproximasse. - Não sei o que diabos está tentando fazer com a minha irmã, mas vocês dois estão me atrapalhando!

- Oh, o que isso aqui faz? - ela já estava atrás de Alucard, cutucando incessantemente o cubo dourado, como se fosse uma coisa muito interessante, pelo menos para ela. - Hum, então é só por isso? De quem você está atrás?
Morpheu lançou um olhar apático para os dois e praguejou qualquer coisa ininteligível, ignorando propositalmente a mão que o rapaz lhe estendia. - Morpheu. Vocês não tem nada melhor pra fazer do que incomodar os outros?

- Hum, isso é um tanto quanto problemático, parece algo bem difícil de conseguir... considerando que você não sabe quem são. - Cecil, sempre solicita, curvou o corpo para frente e alegou, com simplicidade. - Nós ajudaremos, se quiser!
Morpheu observou atentamente as presas, bocejou e coçou a parte de trás da nuca. - Você é um daqueles cosplayers viciados em vampiros, por um acaso? - bom, ele considerou a possibilidade de ser um vampiro mesmo, mas era indiferente para si. - O que!? Ajude você, maldição, não fique oferecendo meus serviços pra qualquer um.

—"Cosplayer"? Não faço ideia do que seja isso.

Arrumou a capa e se sentou sobre uma cadeira qualquer.

—Eu agradeço a ajuda mas eu passo, preciso fazer isso sozinho.

Soltou um suspiro e travou o olhar no rapaz de cabelos azuis. [Ou verde né? Sei lá.] — "E sim eu sou exatamente o que você acha eu eu sou" — A voz ecoou por alguns segundos dentro da cabeça do rapaz até se silenciar novamente, Alucard deixou um risinho escapar também.